SEXTA-FEIRA, 20 DE DEZEMBRO

Y asi pasan los dias.. Quizás, quizás, quizáz! Por Paulo Timm/20/XII

A política econômica atual, com juros altos e arrocho fiscal, perpetua a chantagem do financismo, que usa o discurso da “dominância fiscal” para justificar seus ganhos, ignorando a real causa da inflação e impondo sacrifícios aos mais pobres - Paulo Kliass in Dominância fiscal, o apocalipse da vez - 17/12/2024

De cada 10 notícias sobre economia 8 são publicadas por veículos que pertencem a investidores. Hoje o poder de especular está associado ao poder de criar a narrativa (determinar o que é “verdade”). O país sob a mira dos sequestradores…- Eduardo Moreira - https://youtu.be/ufXzhU9t3zE?si=2A4cQIeaBdzBZpgV

A economia desgovernada - Por Ladislau Dowbor
https://www.lemonde.fr/idees/article/2024/06/13/aujourd-hui-les-milliardaires-ne-paient-quasiment-pas-d-impots-car-une-grande-partie-de-leurs-revenus-proviennent-du-capital_6239271_3232.html

2024 – Dolar em alta- Erros e Crise na Economia - Aceertos de Lula – Carlos Paiva e Gabriel Wainer - https://www.google.com/search?q=dolar+em+alta+e+crise+na+economia+-+CARLOS+PAIVA+YTUBE&oq=dolar+em+alta+e+crise+na+economia+-+CARLOS+PAIVA+YTUBE&gs_lcrp=EgZjaHJvbWUyBggAEEUYOTIJCAEQIRgKGKAB0gEJMjUzODNqMGo3qAIIsAIB&sourceid=chrome&ie=UTF-8#fpstate=ive&vld=cid:0d31e3bd,vid:0GzGdyZs3RE,st:0

Semana passada, o assunto central da Mídia foi a saúde do Lula. Não faltaram aí, inclusive, manifestações indecorosas de alguns, regozijando=se com sua morte eventual. Lamentável. Nesta semana a questão do dólar está ocupando as manchetes. Saltou de R$ 5,7 para um nível de R$ 6,30 no dia 19. Tocou horror. Os alarmistas de sempre saem a campo dizendo que a inflação vai explodir, enquanto os governistas denunciam um ataque especulativo. Em meio às controvérsias Haddad, Ministro da Fazenda, reitera que não há perigo nenhum: os indicadores da economia demonstram que estamos indo bem. Um atento e experiente analista econômico, Eduardo Moreira, porém se detém na análise dos fatos e sugere a metáfora do sequestro para explicar os riscos da conjuntura. Diz ele: o sequestrador não pratica o seu crime para matar a vítima, mas para ganhar uma grana, sabendo, entretanto, que pode dar tudo errado e vir a ser morto pela Polícia. A situação que estamos vivendo é a seguinte: Vivemos uma etapa da economia (de mercado) capitalista totalmente dominada pelos interesses financeiros. No Brasil isso é ainda mais acentuado pela forte concentração bancária de nossos sistema. Eles constituem, na verdade, o que tradicionalmente se denomina como classe dominante mas que eles preferem denominar: “Mercado”. Já não são os proprietários de terras, nem os donos das grandes empresas industriais. São donos de tudo isso e mais alguma coisa: a capacidade de movimentar o capital dinheiro (fictício) aquém e além fronteiras sem maiores limites. Muros, só para os miseráveis da África e da América Latina...Foi-se o tempo da “mais-valia”, medida pelo excesso de horas de trabalho que os operários entregavam aos empresários industriais sobre o seu custo de reprodução. Isso subsiste, sobretudo em empresas “fechadas”, mais tradicionais, de grande impacto no emprego formal mas baixa representação na valorização do PIB. Isso não é de fácil compreensão para a maior parte das pessoas que vivem mais de “impressões” sobre o que significa o processo dominação numa sociedade de classes, como a nossa. O homem simples das ruas, republicano e universal, como o dizia Cassiano Ricardo num famoso poema, vê o mundo com os olhos e ouvidos singelos sem se dar conta das camadas geológicas que formam a sociedade e controlam a opinião pública. Para ele, rico é o cara da casa mais bonita da rua de cima que tem um carro zero. Nas cidades maiores, chega a ter uma ideia de que há um seleto grupo de privilegiados donos de imóveis, estabelecimentos, membros do Rotary e suspeitos de serem massons. Dificilmente percebe que sobre a economia nacional impera um conjunto de grandes interesses financeiros que não são apenas donos do dinheiro, mas donos, através de seus investimentos, de grande parte dos ativos mobiliários – Bolsas, Dólares, Aplicações, S/As etc - , como, também imobiliários. Além de donos da “bola”, estes setores são, senão diretamente proprietários das grandes Redes de Comunicação, seus principais anunciantes e, com isso, controlam o que os diligentes leitores leem nos jornais, veem na TV e escutam nas rádios o dia inteiro. Quantos são eles? No mundo inteiro calcula-se que seja apenas 1% da população global; no Brasil, segundo o ATLAS SOCIO ECONOMICO do IPEA, bem menor: 0,01%, ou cerca de 20 mil abençoados bilionários. Alguns contestam este número e o reduzem à menos de 300 nobres famílias, metade das quais enraizada no espólio colonial. Não são pessoas más, muitos até são piedosos crentes de suas confissões e frequentam regularmente seus templos e livros sagrados. Mas têm interesses e os defendem com unhas e dentes, a propósito, afiados. Em contrapartida a este bloco de interesses se situa o interesse na Nação, com cerca de 100 mil trabalhadores ativos e 25 milhões de inativos, maioria dos quais vivendo com até 1 Salario Mínimo por mês, uma classe média em torno de 50 milhões que cresce de cima para baixo muito lentamente, e uma infinidade de brasileiros que sequer aparecem nas estatísticas procurando emprego ou recebendo alguma coisa. O interesses destes, nem sempre coincide com o interesse dos que compõem a cúpula da sociedade. Mas acabam se sensibilizando às suas causas ao serem revertidos, por vários meios, de consumidores em “investidores”, ou de trabalhadores em “empreendedores”, numa aliança de difícil reversão. De entremeio a eles, está o Governo, supostamente representativo seja da cidadania em geral, seja do Estado como entidade encarregada de preservar não só o território nacional, mas um mínimo de segurança nas suas várias acepções: Segurança Nacional, Segurança Pública e Segurança Civil, onde habitam desde o Meio Ambiente, as pessoas e as instituições. Não é muito fácil digerir isso tudo e, ao mesmo tempo, ver em que medida isso se articula com o sistema político que elege de, tempos em tempos, um Presidente da República pelo voto direto e uma Câmara dos Deputados pelo proporcional.

Ultimamente, vive-se o dilema da inflação, do dólar e do déficit público. O dito Mercado, que em nada se confunde com o mercadinho da esquina, mas o “envolve” emocional e ideologicamente, quer AUSTERIDADE DO GOVERNO e corte de gastos porque teme que o déficit se torne impagável e engula seus R$ 9 trilhões investidos em ORTN. Temem que, ao aumentar o déficit, a inflação, mais alta, também corroa o valor de sua “Poupança”. Os assalariados, claro, perdem poder de compra com a inflação. Já os titulares do “Mercado”, perdem trilhões. Até já procuram a garantia de dólares para evitar o pior mas, com isso, aumentam a corrida para a moeda mais forte elevando a taxa de câmbio, que num círculo vicioso, acabará elevando ainda mais os preços. É o dilema do sequestrador. Tendo pressionado o Governo reticente aos seus apelos, o “Mercado”, agora, aguarda o desfecho do “crime”: Uma negociação amigável. Estão todos de orelha grudada no telefone na Faria Lima, aguardando os acontecimentos. Não irão esticar ainda mais a corda. Numa dessas, o tigre acuado redobra suas forças e reverte o jogo...Aí, tudo pode acontecer, menos o nada. O dólar dificilmente voltará, no curto prazo, aos valores idílicos do passado recente.