EDITORIAL

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QUARTA-FEIRA, 27 DE AGOSTO

Bolsonaro, “um corpo que cai”

O Tarifaço do Trumpo acelerou, no Brasil, a campanha sucessória ao Planalto. De uma parte, incorporou ao Governo Lula um poderoso elemento de mobilização, a “soberania”, tanto que o bordão do Governo “União e Reconstrução”, deu lugar ao “Justiça Social e Soberania”. Isso já se refletiu nas pesquisas. Melhorou o apoio a Lula, tanto no que concerne ao Governo como sua imagem. De outra parte, o alopramento de Eduardo Bolsonaro, ao lado de outro extremista, Paulo Figueiredo, neto do ex Presidente Figueiredo, último ditador do período 64/85, que permaneceu seis anos no Poder, findo os quais nem ele se aguentava (no famoso comício do milhão no Rio, em 1984, ao chegar de uma viagem ao exterior e indagado o que achava da referida mobilização, ele próprio respondeu que se estivesse no país seria o “milhão e um...”) , enterrou o bolsonarismo.

Não só levou ao Presidente de um país estrangeiro a ideia de pressionar o Brasil com sanções, como acabou se desmoralizando perante os próprios seguidores ao deixar claro em conversações com o pai, que tudo se tratava da defesa deste e não das “velhinhas e velhinhos” que participaram do quebra-quebra do 8 de janeiro de 23. O resultado está nas pesquisas Atlas Intel e Quaest.

AtlasIntel e Genial Quaest já registraram uma alta de três a cinco pontos percentuais na aprovação do presidente Lula (de 45% para 50%, e de 40% para 43%, respectivamente)

Apesar do apoio ainda elevado a Bolsonaro, que chega até a sustentar o Tarifaço de 50% que abalou a economia nacional, sua popularidade está derretendo. Com isso, mesmo com cuidados, eis que o apoio do bolsonarismo ainda lhe é crucial, o Governador Tarcísio, de São Paulo, já está em campo. Tem até o slogan, que lembra JK: “ 40 ANOS EM 4!” . Pouco original, mas que evidencia o espírito competitivo de Tarcísio para 26.

Lula não deixa por menos. Ontem reuniu o Ministério e deixou claro: Quem não apoiar o Governo que peça para sair do Ministério. Recado aos titulares de pastas em seus Governo do Republicanos e do PSD. O líder deste Partido, Kassab, até aqui vacilante, já vaticinou: Se Tarcísio for candidato, o que parece inevitável, eis que já supera nas pesquisas as chances do próprio Bolsonaro no embate com Lula, apoiará sua candidatura.

Ainda há muito tempo até outubro do ano que vem e, sobretudo analistas mais à direita, à la Rosefield (Denis Lerrer Rosenfield = Cenário itoral - O Estado de S. Paulo - segunda-feira, 25 de agosto de 2025: Não se sabe ao certo o que vai acontecer amanhã, o que dizer dentro de um ano )ainda apostam nos problemas econômicos que recairão sobre os ombros de Lula. Mais importante, porém, do estes problemas, é a imagem da queda Bolsonaro, em prisão domiciliar com vigilância reforçada 24 horas, por determinação de Moraes, para impedir sua eventual tentativa de fuga e sujeito à condenação semana que vem: UM CORPO QUE CAI, como dizia um clássico de Hitchock...Esta vertigem recairá inevitavelmente sobre as chances da direita EM 2026, mesmo que ela reflua para um discurso menos extremista.